Oração


                "Gosto de ler orações. Orações e poemas são a mesma coisa: palavras pronunciadas a partir do silêncio, pedindo que o silêncio nos fale. A se acreditar em Ricardo Reis é no silêncio que existe no intervalo das palavras que se ouve a voz de "um Ser qualquer, alheio a nós", que nos fala. O nome do Ser? Não importa. Todos os nomes são metáforas para o Grande Mistério inominável que nos envolve. Gosto de ler orações porque elas dizem as palavras que eu gostaria de ter dito mas não consegui. As orações põem música no meu silêncio."

Rubem Alves

Do Livro:Palavras para Desatar Nós-Ed.Papirus
Pág119- Trecho final da crônica- "Oração "

*Bom final de semana amigos!!!!Beijos!
Até segunda!!!
**Estou atrasada com algumas visitas, peço desculpas.
Hoje pretendo colocá-las em dia.

Transformação


                "Não deveríamos manter os vícios confinados dentro de nós como prisioneiros. Prisioneiros estão sempre planejando escapar. Se transformamos os vícios em nossos amigos, eles podem nos ajudar. Por exemplo, a energia necessária para a teimosia é quase igual a da determinação, só que a primeira é negativa e a segunda é positiva. A alma aprende a transferir tal energia. Raiva torna-se tolerância. Ganância vira contentamento. Arrogância muda para auto-respeito."

                 Brahma Kumaris


**Tudo o que acontece em nossas vidas são reflexos de nossas escolhas.Vamos então aprender e dar o melhor de nós.Porque querendo ou não vamos sentir na pele as consequências.
Não podemos escolher tudo o que nos cai na cabeça,mas podemos sim escolher como vamos enfrentá-los.Vivian.

A Solidão Amiga

                     "O primeiro filósofo que li, o dinamarquês, Sören Kierkegaard, um solitário que me faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu,menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles:cariocas, espertos, bem-falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre:entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar.Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles.Nunca convidei nunhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito. Nem sequer me atrevi a compartilhar com meus pais meu sofrimento, seria inútil. Eles não compreenderiam. E mesmo que compreendessem, eles nada podiam fazer. Assim, tive de sofrer a minha solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, fazia sentido. Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão...
           A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações? Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena(fantasiada) dos outros, em celebrações cheias de risos...
Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira."

Rubem Alves

Do livro:Palavras para Desatar Nós-Rubem Alves
Ed.Papirus  Trecho da crônica-A solidão Amiga-Pág.114/115