Você já notou que "não consigo" significa, em geral, "não vou"?

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        Segundo Tae Yun Kim "todos nós, em alguma época, já sentimos a força do "eu não consigo". Mesmo quando desejamos algo de verdade, e mesmo que seja algo a nosso alcance, essas duas palavras podem evitar que isso aconteça. Quando se descobrir dizendo "não consigo", procure olhar profundamente para ver se não se trata de mais uma desculpa. Se for honesto, descobrirá que "não consigo" significa "eu poderia, mas não vou fazer por este ou aquele motivo". Por exemplo: Não consigo me dar bem na escola, facilmente revela uma verdade: Eu poderia ir bem, mas não quero gastar tempo e esforço".

       Em seu livro, O Mestre Silencioso, Tae conta uma história para ilustrar isso:

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"Durante a guerra, um grupo de pessoas estava fugindo do inimigo. Entre eles havia uma mulher com um bebê e um velho. Por muitos dias eles correram e se esconderam, sempre com o inimigo em seus calcanhares. À medida que corriam, outros no grupo ajudavam a mulher a carregar o bebê, todos se revezavam, menos o velho que já estava bastante fraco.

Depois de vários dias o velho ficou tão cansado que não conseguiu continuar e caiu ao lado da estrada e ficou ali, sem respirar. Os outros pararam para ajudar, mas ele os incentivou a continuar. Desistira de viver. O inimigo se aproximava com rapidez, de forma que os outros estavam ansiosos para seguir viagem. A mulher que carregava o bebê, olhou para o velho e disse:
_ É sua vez de carregar o bebê. Todos os outros ajudaram, agora e sua vez. É preciso cumprir sua responsabilidade.

A mulher coloca a criança nos braços do velho, e com o coração apertado, continuou caminhando. Outros no grupo imaginavam se ela teria deixado o filho ali para morrer. Que tipo de mãe faria isso? Ainda assim, ela continuou caminhando. 

Entretanto, o velho se levantara com o bebê, ao perceber o inimigo se aproximando. Seu coração estava cheio de desespero e cansaço, mas sentia contra si o movimento da criança. Sua vida fora cheia e repleta, com muita dor e alegria, e ele estava cansado demais para continuar. Contudo, abraçava-se a um bebê que ainda tinha muito para viver. Não conseguiu ficar ali parado e roubar a vida da criança. Novas forças e energias fluíram de seu interior. Começou a correr com o bebê no colo, o mais rápido possível, na direção dos outros.

Continuou mantendo apenas um pensamento na mente: a segurança do bebê. Nada mais importava, nem o medo, nem o cansaço, nem a fome. Continuou correndo até que , à distância, conseguiu divisar os amigos, que avançavam com rapidez. Estava muito perto, só faltava um pouco para alcança-los.

Em pouco tempo ele irrompeu entre os companheiros com a preciosa carga, arfando para recuperar o fôlego. Os outros ficaram surpresos com tamanha façanha, e imaginavam onde ele fora buscar forças para correr com a criança no colo e conseguir alcança-los. Fitaram-lhe o rosto, que estava cheio de resolução e determinação, como jamais haviam visto. Cuidadosamente ele entregou a criança à mãe, que o acolheu com emoção. Seu coração estava cheio de alegria, tanto pelo filho quanto pelo velho. Juntos, continuaram, até que todos atingiram território seguro e foram salvos."

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Conclusão:

Quando acreditamos que não conseguimos nossas forças nos abandonam e não vemos sentido em continuar. É uma escolha real. E se não mudarmos nossa maneira de ver a situação é assim que termina. Por outro lado, se buscarmos em nosso interior a força necessária e firmarmos o propósito de tentar até conseguir, e acreditarmos nisso, estaremos usando nossa crença para superar nossas limitações. Isso é o que faz a diferença entre a derrota e a vitória. Mesmo que não pareça, somos nós que conscientemente ou inconscientemente escolhemos: a força ou a impotência. Já percebeu o que você anda escolhendo?

Referências:
Kim, Tae Yun - O Mestre Silencioso - Editora Best Seller  - São Paulo, 1994.